segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Dezembro...

Dezembro...

Dezembro desacelerado 
Respirado... 
Alongado...

Momento de abraçar
Meditar...
Refletir...

Escolher e tocar
Para ouvir... 
Se envolver...

É o que lhe faz bem...
E sentir outra vez...

Preparar em silêncio
O agora, o amanhã...
Receber com verdade, aceitando o viver...

Quando a saudade reclama...
E se não voltar mais...
É que o tempo sedento transbordou ao partir...

Mas se o coração pulsa
Vibrando, querendo...
E se estórias existem, e persisto em dizer...

É que as marcas de “lutas”
Que por instantes divergem...
São da vontade que arde em ver, em ficar...

É Dezembro calado e um pouco contido...
É a luz que enobrece 
E cansar quero ser...

É a voz que enternece
E o olhar que procura...
É a prece do leito, do amar e da busca... 

É abraço apertado, do seu jeito contado... 
É Dezembro embrulhado...
É o amor, sou você!!!

(À minha mãezinha Helena, com carinho).

Escrito por Marcello Tibiriçá.

sábado, 29 de novembro de 2014

Poética Musical: Fábio Zanon no Movimento Violão!!!

Poética Musical: Fábio Zanon no Movimento Violão!!!

Seria insuficiente qualquer superlativo para qualificar o concerto do genial violonista Fábio Zanon, ocorrido no Sesc Consolação, na noite de 28/11/14, pelo Movimento Violão, projeto este que comemora 11 anos de existência e tem como mentor o violonista, diretor e produtor Paulo Martelli.

As palavras de Zanon, ao final do concerto: “...O Movimento Violão deveria ser chamado Monumento Violão”. Ao expressar esse pensamento, o concertista mostrou a importância do projeto em levar pessoas compromissadas e do mais alto patamar do instrumento nacional e internacional. Zanon, em uma noite esplendorosa e inesquecível, presenteou a todos com um dos maiores recitais de violão de todos os tempos!!! Em estado de Graça, o qual todos ficamos, e, talvez, é bem verdade que a expressão seja pouco para mostrar um momento tão magistral!!!

Na primeira parte do concerto, as Seis Lições para teclado, do compositor britânico Henry Purcell, transcritas para violão, com uma extensa e riquíssima ornamentação e, com um grau de dificuldade altíssima para a execução, anunciou o “êxtase” que se seguiria mais à frente. Em seguida, nas palavras do violonista: “o Frankenstein” criado pelo compositor mexicano Manuel Ponce, pelo mais alto grau de erudição na escrita e, exigindo grande resistência do concertista, também por sua longa duração, as Variações sobre Folia de Espanha e Fuga elevou a platéia à uma espécie de transe, com uma interpretação extraordinária de Zanon , fazendo jus ao “monstro” criado pelo  compositor. 

Após o intervalo e a recuperação momentânea da platéia pelo impacto inicial, a segunda parte se inicia com o lindíssimo Prelúdio, Fuga e Allegro, BWV998, do compositor barroco Johann Sebastian Bach. Aqui, Zanon nos legou um Bach “expressivo”, com algumas nuanças da ornamentação estilística barroca e, em alguns momentos com um lírico improviso ornamental do violonista. A seguir, as Danças Espanholas 4 e 5, e a belíssima La Maja de Goya, do compositor espanhol Enrique Granados, nos remeteu à um cenário riquíssimo de sonoridades e cores, através de um lirismo romântico e calor interpretativos por parte do Concertista.





Em um final apoteótico, a técnica de Zanon sobrou de forma magistral nos Estudos 4 e 9 do compositor brasileiro Francisco Mignone e, voltando ao palco após um bis acalorado, passeia facilmente por toda virtuosidade exigida e a rítmica de Bate-Coxa, do violonista brasileiro e compositor Marco Pereira.  

Para quem esteve nesta grande noite de lirismo e poesia violonística, além de ser agraciado com a Música e o Violão de Fábio Zanon, também foi presenteado historicamente com o que podemos chamar de a enciclopédia viva do violão, onde, o violonista, com o seu preciso poder de retórica nos mostrou um pouco da trajetória dos compositores e suas respectivas composições!!! 
Para quem ainda não teve o privilégio de assistir Zanon, vale a pena cada minuto e cada segundo de apreciação do Concerto do Violonista!!!

Foi uma noite realmente memorável!!!

Fábio Zanon recentemente foi eleito com o título de Fellow da Royal Academy of Music, premiação esta conferida a ex-alunos que tenham desenvolvido uma carreira significativa como músicos, musicólogos ou professores.

Mais sobre Fábio Zanon, leia: http://aadv.alotspace.com/bio.html


Escrito por Marcello Tibiriçá.


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel de Barros: A Poesia!!!

Manoel de Barros: A Poesia!!!

Hoje, um dos nossos maiores poetas fez a sua passagem. Na sua luminosidade e incompletude, além de tantos outros belos poemas, nos deixou este, que expressa o poeta por ele mesmo!!! 

Penso que talvez eu não tenha lido um pensamento tão incrivelmente pedagógico, expressado como ao que se segue neste poema!!! 




"A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, 

que puxa válvulas, que olha o relógio, 
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis, 
que vê a uva etc. etc.

Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas."

(Manoel de Barros).



Postado por Marcello Tibiriçá.


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O Folclore no Ensino Musical!!!

O Folclore no Ensino Musical!!!
(Pluralidade cultural, pedagogia reflexiva e música).

Para o professor, a necessidade em se trabalhar a pluralidade e os elementos culturais na educação em nossos dias, seja no ensino regular ou musical, se torna cada vez mais um compromisso a ser cumprido, ao passo que o educador, no momento o qual decide por elaborar um currículo, onde a diversidade cultural esteja presente nas atividades dos alunos, precisará de forma diversificada utilizar os mais variados recursos disponíveis para o processo educacional como um todo.

O folclore brasileiro e universal é uma das manifestações onde a pluralidade cultural se permeia através dos costumes dos mais variados e de regiões das mais diversas do nosso país e do mundo!  Tem suas origens nas mais variadas festas populares, nos costumes e na cultura das mais diferentes regiões e nações, estando presente nas festas dos povos em diferentes datas do nosso calendário. Em outros momentos, foi objeto de pesquisa e de estudo por importantes compositores, com destaque ao nosso Heitor Villa-Lobos e os húngaros Béla Bartók e Zoltán Kodály. Como parte imprescindível da formação cultural das crianças, ele está presente nas escolas com a sua inserção através dos Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda muito cedo, a partir dos jogos, das cantigas, das parlendas, dos desenhos, das comemorações festivas, enfim, recriando o universo infantil de forma lúdica e enriquecendo o mundo da criança em sua imaginação e criatividade!!!

Esses conhecimentos plurais e culturais adquiridos pela criança desde muito cedo no seu dia a dia escolar podem ser educados e trabalhados musicalmente, ampliando assim o seu repertório cultural musical, através de novos recursos metodológicos e pedagógicos ministrados pelo professor de música. Na aula de instrumento musical ou de canto, o professor, ao utilizar a riqueza de elementos culturais que a criança possui através da sua experiência de vida, poderá proporcionar à mesma um contato com os primeiros ritmos, melodias ou acordes de forma organizada e lúdica, a partir de metodologias que favoreçam o processo de ensino e aprendizagem, respeitando assim sua etapa inicial de adaptação com o novo instrumento, com os novos elementos musicais, através de uma linguagem familiar .

Em “Antropologia, cotidiano e educação.” Rio de Janeiro: IMAGO, 1990a autora do livro, Pedagoga e Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, Maria Cecília Sanchez Teixeira nos mostra que o “professor deve desenvolver uma visão perspicaz e sensível sobre a cultura escolar, olhando nos olhos do aluno e ouvindo aquilo o que ele tem a dizer.” Da mesma forma, um dos nossos maiores pedagogos, o Educador Paulo Freire, defendia um ensino através do diálogo, da pluralidade cultural, do respeito às individualidades, da democracia e de uma educação emancipadora, onde o aluno pudesse expressar seu pensamento, seus sentimentos. 

Acreditar em um ensino musical desta forma é redimensionar elementos pedagógicos através de uma atividade musical plural, onde a individualidade de cada aprendiz possa ser parte da coletividade. Sendo assim, a não uniformização de conceitos, uma pedagogia reflexiva através da criticidade, da pluralidade e da diversidade curricular se faz necessário em nossos dias, ampliando as possibilidades de aprendizado através da riqueza cultural existente em nosso país e no mundo! 


O folclore, com as suas multiplicidades regionais, é um elemento importante do nosso passado, do presente e de formação cultural do ser humano para o futuro. Da mesma importância que é a herança deixada pela história da música ocidental em todas as suas épocas, como a música do Renascimento, do Barroco, do Classicismo, do Romantismo, do Nacionalismo, do Jazz ou das correntes do Século XX, a música folclórica, como manifestação de expressão livre dos povos, é um elemento catalisador dentro do processo de aprendizado da criança, no momento o qual o mesmo se cria, se transforma e se multiplica enquanto educação musical.

Em uma de suas citações, o nosso grande Maestro e Compositor Heitor Villa-Lobos expressou: “A música folclórica é a expansão, o desenvolvimento livre do próprio povo expresso pelo som”.    

Caberá então ao Professor de Música da nossa atualidade escolher em qual momento e, de que maneira inserir no currículo de ensino musical esse elemento cultural tão rico e tão importante em nossa sociedade, ao passo que uma herança musical que se manifeste através da expressão livre dos povos possa se permear de forma a perpetuar-se e transformar-se através de uma pedagogia reflexiva, diversificada e transformadora, onde professor e alunos interajam através do diálogo, do ritmo, da melodia, da harmonia, da expressão e da música.

Escrito por Marcello Tibiriçá.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Música e Literatura!!!

Música e Literatura!!!



Olá amigos! Sempre acreditei e compartilho do pensamento o qual todo instrumentista precisa ouvir e conhecer outros instrumentos, outros repertórios, além do seu!!! Com a literatura musical não poderá ser diferente, portanto, gostaria de compartilhar aqui algumas referências literárias que, acredito, possam servir aos meus alunos e aos leitores interessados no assunto. 




É isso, espero que aproveitem!!! Boa leitura!!!

- Música, Doce Música – Mário de Andrade

- Pequena História da Música – Mário de Andrade

- História da Música Ocidental – Donalt J. Grout / Claude V. Palisca

- História da Música Popular Brasileira – José Ramos Tinhorão

- O Discurso dos Sons – Nikolaus Harnoncourt

- A Música Moderna – Paul Griffiths

- Villa-Lobos – O Homem e a Obra – Vasco Mariz

- O Triunfo da Música – Tim Blanning

- O Ouvido Pensante – M. Schaffer

- História do Jazz – José Duarte

- História Social do Jazz – Eric J. Hobsbawm

- Música Clássica – Guia Ilustrado Zahar – John Burrows

- Reflexões e Práticas sobre uma Filosofia da Pedagogia Musical – Júlio Stateri

- Violão – Um Olhar Pedagógico – Henrique Pinto

- Cuidar de Pessoas e Música – Eliseth Ribeiro Leão

- Escola e Educação Musical – Rita Fucci-Amato

- Música na Escola – Hans Günther Bastian

- O Ensino de Música na Escola Fundamental – Alicia Maria A. Loureiro

- Musicalizando a Escola – Carlos Eduardo de Souza Campos Granja

- Música para Crianças – Ciranda Cultural – Vários autores

- Uma Breve História da Música – Roy Bennett

- Violões do Brasil – Myriam Taubkin

- A República – Platão – Tradução: Pietro Nassetti – Martin Claret

- Interpretação Musical – A dimensão recriadora da “comunicação” poética – Marília Laboissière

- Dicionário de Termos e Expressões da Música – Henrique Autran Dourado


Escrito por Marcello Tibiriçá.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

15 de Outubro!!!

15 de Outubro!!!

Parabéns e muito obrigado a todos os meus professores, mestres e pedagogos que, durante a minha trajetória, cultivaram e cultivam sementes de amor, de vida e de transformação!!! Levo comigo uma parte, uma semente de cada um destes grandes profissionais, com o objetivo de semear com sabedoria, aprendizado, amor e humildade!!!




“Feliz aquele que transforma o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina).


“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” ( Antoine de Saint-Exupéry).

Escrito por Marcello Tibiriçá.

sábado, 13 de setembro de 2014

3º Encontro de Violonistas da Escola Municipal de Música de São Paulo.

3º Encontro de Violonistas da Escola Municipal de Música de São Paulo.

Foi realizado na última semana de agosto de 2014 o 3º Encontro de Violonistas da Escola Municipal de Música de São Paulo.

O evento foi organizado por professores e pela coordenação pedagógica da instituição, e contou com profissionais renomados do circuito violonístico!!!

3º Encontro de Violonistas da Escola Municipal de Música da São Paulo.
Palestras, recitais, debates e uma audição dos alunos da Escola contribuíram para a programação do encontro.

Reencontrar a Municipal foi um grande prazer!!! A semana foi inesquecível, de muito aprendizado!!!


Programação realizada:

Dia 29/08 – Sexta – Sala do Conservatório
Abertura
11:00 Palestra – Edelton Gloeden – “Violão na graduação: Plano de estudos”
17:00 Palestra – Wolf Schmidt (luthier)
19:00 Recital – Luciano César Morais
20:00 Recital – Diogo Carvalho

Dia 30/08 – Sábado – Auditório da Escola de Música de São Paulo
14:00 Palestra – Paulo Porto Alegre – “Performance”
16:00 Palestra – Celso Delneri – “Carlevaro: Compositor”
19:00 Debate – “O violão, a profissão de músico e a música”

Dia 31/08 – Domingo – Sala do Conservatório
11:00 Recital – Everton Gloeden
14:00 Palestra – Diogo Carvalho – “A transcrição e sua importância para o violão”
16:00 Audição de Alunos da Escola de Música de São Paulo
18:00 Recital – Trio Opus 12

Escrito por Marcello Tibiriçá.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Violão: Minha primeira aquisição!!!

Violão: Minha primeira aquisição!!!

Olá amigos! Neste período de aproximadamente 1 ano e 5 meses, eu compartilhei aqui no Poética Musical, Violão e Arte, alguns textos que abordaram sobre a preparação para o estudo do instrumento, em outros momentos, sobre a concentração no estudo do violão e, dentre outros, também dicas de conservação e manutenção do mesmo. 

Hoje, não menos importante que as produções anteriores, esta fala sobre a primeira aquisição do instrumento. Um assunto que, durante os meus anos de profissão, sempre foi um dilema apresentado por quase todos os alunos iniciantes!

Então, vamos lá!!!       

Para o aluno que está iniciando ou mesmo para aquele que nunca possuiu um violão, a primeira aquisição do instrumento não é uma tarefa simples. 

Em geral, a escolha errada do instrumento pode levar o aprendiz a resultados insatisfatórios no que diz respeito à aprendizagem e, no futuro, isso poderá lhe causar prejuízos físicos quanto à postura!!! Por isso, o aconselhamento de um profissional é ideal para uma boa aquisição.  

Para iniciar os estudos de violão, o aluno não precisará adquirir um instrumento muito caro, de primeira linha. Entretanto, isso não é uma regra a ser cumprida e, se assim o desejar, e dependendo do quanto esteja disposto a gastar, existem ótimos luthiers em diversas regiões do nosso país que fazem valer o custo- benefício!!! 

Dentro de um preço acessível para o principiante, existem os violões produzidos em série, das mais variadas marcas e para todo o tipo de clientela. Porém, atenção!!! Instrumentos de custo muito baixo tendem a apresentar problemas em sua estrutura, no que diz respeito principalmente ao empenamento da madeira, do braço do violão, problemas de tração das cordas e altura das mesmas em relação à escala, com as tarraxas, etc. Neste quesito, a orientação do seu professor é de fundamental relevância para evitar erros de escolha. 

Violão com cordas de nylon, de tensão média para leve e, com a altura mais baixa em relação à escala é o mais aconselhável para quem se inicia no instrumento, evitando-se, assim, um esforço físico desnecessário no aprendizado inicial. 

O ato de se escolher o instrumento somente pela “beleza” ou pela cor, muitas vezes, ou quase sempre, se torna um risco, não resultando em uma boa relação custo-benefício. Em última instância, ouça o seu professor!!!

Para as crianças ainda pequenas, na faixa etária entre 6 e 10 anos, existem violões menores, portanto, com o braço, escala e o corpo mais adequado ao tamanho do aluno. Com o passar dos anos e, com o crescimento da criança, o professor precisará orientar os pais para a aquisição de um violão maior e mais adequado ao tamanho da mesma!!!

Após a fase inicial de aprendizado e, com o desenvolvimento do aluno para um nível mais elaborado e avançado de repertório, o aprendiz naturalmente sentirá a necessidade de um instrumento de melhor qualidade, preferencialmente produzido por um artesão. Sendo assim, antes da escolha “definitiva”, será importante experimentar e tocar em um maior número possível de violões, conhecendo e conversando com os luthiers.

Por fim, se você adquiriu recentemente o seu instrumento, para uma melhor manutenção do mesmo indico a leitura do meu texto Violão: cuidados e saúde do seu instrumento, de Novembro de 2013.

Espero ter ajudado! Bons estudos!!! Até a próxima!!! 

E não esqueça: na dúvida, consulte sempre um profissional da sua confiança!!!

Escrito por Marcello Tibiriçá.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Audição: Um importante caminho para a expressão!!!

Audição: Um importante caminho para a expressão!!!

Olá amigos!!! 

A importância de audições musicais para o aluno instrumentista se torna imprescindível no processo da sua construção interna expressiva e poética, no momento o qual a formação de um vocabulário musical dinâmico e expressivo proporcionará a comunicação entre a música e o ouvinte!!!

Contar uma estória ou história, de forma a despertar no ouvinte o interesse e atenção pela mesma requer uma habilidade expressiva por parte de quem conta, com suas dinâmicas, entonações de voz e interpretações que uma boa cena ou um bom conto requerem.

Assim, o mesmo acontece com a música! Despertar o interesse do ouvinte para uma canção ou uma peça musical requer do interprete instrumentista uma grande habilidade expressiva, com todos os recursos de dinâmicas possíveis de serem utilizados no ato de tocar! Ou, melhor, no ato de interpretar!!! 

O que diferencia uma grande interpretação musical da pura técnica mecânica de um estudo é a vida que se dá com a primeira, a partir da expressão, com todas as dinâmicas e matizes de sons e, com o objetivo de se contar uma estória, ou, a partir da História comunicar a música!

No violão existe uma riqueza de timbres proporcionados por uma variedade de toques com ângulos diferentes das mãos e dos dedos (unhas) e, uma gama de sons que vai do mais aveludado ao mais metálico, ou ainda, uma combinação dos dois, dependendo da posição da mão direita em relação ao espaço entre o cavalete e o final da escala do instrumento. O uso do vibrato (no violão a execução é mais longa e mais lenta que a do violino), a intensidade de ataques de mão direita (do mais fraco ao mais forte), a harmonia de movimentos entre as mãos esquerda e direita e uma infinidade de recursos de dinâmica musical explorados no instrumento são componentes fundamentais para uma interpretação mais expressiva!!!         

Ouvir!!! Ouvir músicas de estilos variados e de boa qualidade é um caminho necessário na formação de um vocabulário interno expressivo e poético do aluno instrumentista! Ir a audições de grandes concertistas, concertos de orquestras ou corais, assistir vídeos de instrumentistas consagrados, ouvir uma boa estação de rádio com um repertório que venha acrescentar musicalmente, são alguns dos recursos e ótimas opções para a formação musical do aprendiz!!! Seja o Rock da banda Genesis, dos Rolling Stones ou do Supertramp, seja o Romantismo de Beethoven ou de Chopin, o Impressionismo de Debussy, ou, ainda, o Jazz de Miles Davis e Charlie Parker, ou mesmo a Música Brasileira de Villa-Lobos ou Tom Jobim, o importante é aventurar-se por novos horizontes, estar sempre aberto às novidades musicais do passado, presente e do futuro!!! 

Para audições de violão poderíamos aqui mencionar centenas de concertistas, mas, como uma primeira exemplificação, vale destacar inicialmente alguns nomes consagrados como o espanhol Andrés Segovia, o inglês Julian Bream e o australiano John Williams. Também, a atual sensibilidade da oriental Kaori Muraji e da croata Ana Vidovic, ou, ainda, os brasileiros Raphael Rabello, a genialidade do Duo Assad e o violonista Fábio Zanon.  

Incentivar os alunos para audições de grande qualidade, disponibilizando tempo e material adequado para essa tarefa é um importante compromisso a ser assumido pelo professor, possibilitando assim ao aluno a sua introspecção e seu desenvolvimento do vocabulário expressivo musical, com uma abertura para novas possibilidades de interpretação!!!        

Ouvir!!! Para se expressar; conhecer e ouvir sempre!!! Se você ainda não utilizou esse recurso, peça orientação ao seu professor o quanto antes!!!

Amigos, espero ter ajudado!!! Até a próxima e boas audições!!!

E, só para lembrar, procure sempre um bom profissional e com a formação no instrumento da sua escolha!!! Com isso, você ganha tempo no aprendizado correto e maior conhecimento musical!!!

Escrito por Marcello Tibiriçá.

domingo, 30 de março de 2014

A Leitura Musical!!!

A Leitura Musical!!!

Olá amigos! No meu texto Violão: Concentração no Estudo, de Setembro de 2013, eu procurei mostrar alguns recursos a serem utilizados como auxílio no aprimoramento e no bom rendimento das tarefas do estudo diário com o instrumento.

Hoje, o assunto será sobre a leitura musical!

Costumo dizer que aprender a ler música é conhecer um novo idioma, com seus signos, com suas pontuações e articulações, com seu próprio vocabulário.  Então, uma boa ou má decodificação do texto musical, dependerá da forma como esses elementos citados anteriormente serão realizados no ato da leitura do aluno com seu instrumento.

A leitura musical, muito antes de ser um hábito na vida do estudante ou instrumentista, deverá ser um estudo organizado e elaborado, de forma que a assimilação da mesma pelo aluno e o seu pleno desenvolvimento sejam satisfatórios. 

Em uma primeira etapa, a leitura musical está diretamente associada aos exercícios preliminares no instrumento. No caso do violão, a mesma se apresenta a partir de uma linha monofônica (uma única linha melódica), evoluindo para a polifonia, acompanhando a evolução do texto musical e a técnica do instrumento. Da mesma forma, a leitura de músicas deve inicialmente se dar com peças de “maior simplicidade” em sua construção e, preferencialmente de curta duração, evoluindo com o passar do tempo e com a orientação do professor, para um repertório mais elaborado.

Para um bom desenvolvimento e evolução da leitura musical, o aluno iniciante deverá concretizá-la lentamente e sem interrupções! Por outro lado, uma leitura mal realizada, muitas vezes é uma decorrência da ansiedade do instrumentista iniciante em decodificar rapidamente o texto musical, formando-se assim o hábito do desejo de se chegar prontamente ao final da peça.

Para aqueles que já possuem o domínio da leitura musical, procurar ler a cada dia um novo texto e, de preferência de um novo autor, poderá ser um ganho na evolução da decodificação e assimilação de novos signos, aumentando assim o vocabulário da leitura musical propriamente dita.

É isso, amigos! Até uma próxima oportunidade! Espero que o texto possa lhe ser útil!!! Bons estudos e uma ótima leitura musical a todos!!!

E aqui, mais uma vez o lembrete: Procure sempre um bom profissional e com a formação no instrumento da sua escolha!!! Com isso, você ganha tempo no aprendizado correto e maior conhecimento musical!!!

Escrito por Marcello Tibiriçá.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Duo de Violões Matizes!!!

Duo de Violões Matizes
Duo de Violões Matizes!!!

Nesses três anos levantamos um repertório de autores brasileiros e estrangeiros, ensaiamos, nos apresentamos e tivemos a grata experiência de realizarmos uma gravação em estúdio! Também, como era imprescindível, escolhemos o nome do duo! Matizes, porque música também tem haver com cores e, ao nosso olhar, suas nuanças sonoras são representadas por colorações expressivas, com suas infinitas linhas de texturas, através das diversas tonalidades.  



São três anos de trabalho (que venham muitos outros), suor, inspiração e plantio!!! Que nossa colheita seja bem-vinda!!! 

O Duo de Violões Matizes foi formado em 2010, pelos músicos, violonistas e professores Juliano Cardoso e Marcello Tibiriçá, a partir das aulas de música de Câmara na Escola Municipal de Música de São Paulo. A partir do universo camerístico popular e erudito, durante esse período, o Duo vem apresentando-se em escolas, Ongs, instituições educacionais e empresas, com a proposta de mostrar e divulgar um repertório de compositores brasileiros e estrangeiros de épocas distintas, assim como a herança cultural e o legado dos mesmos para a música instrumental, através de uma apresentação pedagógica para os ouvintes.


Escrito por Marcello Tibiriçá.


sábado, 25 de janeiro de 2014

São Paulo 460...

São Paulo 460... 

São Paulo que abriga culturas sem fronteiras, 

São Paulo para todos os povos e nações,  
São Paulo das baladas, da viola enluarada,
São Paulo das multidões, dos encontros e desencontros, 
Das noites iluminadas, nubladas ou estreladas,   
Das buzinas incessantes, corredores desconcertantes, 
Do ator e do artista, do amor ou da malícia, 
Do sagrado e do profano, dos arcanjos e letristas, 
Do poeta e do cantor, dos músicos que compõem, 
São Paulo da varanda, das praças e crianças, 
Dos jovens e moleques, do idoso e experiência, 
São Paulo da Paulista, da Luz e da Ametista, 
São Paulo sem fronteiras, de sóbrios e bebedeiras,
São Paulo do trabalho, futebol e brincadeiras,
São Paulo do leitor, da cultura e poesia,
São Paulo do calor, muita chuva ou do vapor,
São Paulo do passeio, da calçada e do arvoredo,
Que é periferia, que é do bairro ou que é do centro,
Do mestiço, mameluco, africanos, oficinas, 
Vidraças, porcelanas, do barroco, do europeu,
São Paulo que é do Samba, da canção e do Judeu,
São Paulo que é raiz, que é cidade ou do campo,
São Paulo que é rural, cancioneiro ruralista,
São Paulo que é poema, Trovador e do Artista,
São Paulo que é do índio, que é som, que é amor,
São Paulo carioca, do baiano e do nortista,
São Paulo do alemão, do japonês e espanhol,
Do chinês, do italiano, indiano e português,
São Paulo que é urbano, que é pedra, que é frentista,
São Paulo que destrói, que constrói, que fabrica,
São Paulo do operário, mundial, cosmopolita, 
São Paulo trabalhador, que é de Deus o seu autor,
São Paulo que é São Paulo, que amanhece, que irradia, 
São Paulo é a minha São Paulo, a sua São Paulo, a nossa São Paulo, 
São Paulo 400, São Paulo 60, 
São Paulo 460, Parabéns pra você, São Paulo!!!!!!!!   

                         (25-01-2014)

                                                                       
                                                                         
Escrito por Marcello Tibiriçá.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Música na escola: Um olhar pedagógico!!!

Música na escola: Um olhar pedagógico!!!
(Música, instrumento pedagógico e aprendizado). 

No atual cenário da Educação, um dos principais e crescentes problemas evidenciados nas salas de aula do ensino fundamental é a queda do rendimento da aprendizagem de alunos, configurando-se este um quadro preocupante e um grande desafio a ser superado pelo professorado em nossos dias. 

A criança e o adolescente, muitas vezes por fatores como: vergonha de possuir um déficit de aprendizagem; possuir alguma deficiência; sofrer violência; estresse na sociedade e na família a qual a mesma está inserida; estresse escolar muitas vezes provocado pela discriminação; e, finalmente, por fatores sociais, terminam por se isolar, não se socializando com os demais colegas de classe.  Esses são alguns dos fatores que contribuem para a queda no aprendizado e no rendimento escolar como um todo.
A melhoria no aprendizado dos alunos está associada em grande parte a instrumentos pedagógicos que o (a) professor (a) utiliza no processo de ensino, com o objetivo de estimular e despertar os discentes para o mesmo. Mas, para o professor do Ensino Fundamental, nem sempre se torna fácil a escolha do recurso pedagógico a ser utilizado no processo de ensino e aprendizado dos alunos.

A música, como forma de instrumento pedagógico no auxílio e na melhoria do aprendizado dos alunos, ainda é pouco utilizada em salas de aula pelo professorado, que, em muitos momentos, prefere lançar mão de recursos mais tradicionais, não ampliando desta forma dentro do processo educacional possibilidades para um ensino mais prazeroso e lúdico.

Em momentos distintos da história da humanidade, a música vem cumprindo suas diversas funções, tendo sido utilizada na dança, na poesia, nos ritos religiosos, em comemorações festivas, como forma de expressão artística ou mesmo na educação, para citar apenas alguns exemplos.

Se na antiguidade grega, o filósofo e matemático Pitágoras, por sua vez, na busca pelo belo e pela perfeição, tratou a música como uma ciência, através das suas relações numéricas e harmônicas, em Musicalizando a Escola (2010), o autor Carlos Eduardo de Souza Campos Granja nos mostra que os filósofos gregos Sócrates e Platão abordaram a mesma dentro de um contexto educacional.

Assim como o Estado, a política e a filosofia, para Platão, a educação era colocada de forma imprescindível em suas discussões, com grande importância na formação das pessoas. Dentro deste contexto, Platão considerava que a educação e a formação do cidadão grego se passavam também pela música e pela ginástica. A ginástica preparava o homem para as batalhas, e a música para tornar o seu espírito menos embrutecido. Essa combinação perfeita entre corpo e alma, para Platão, constituía a base da cultura grega. 

No que tange aos efeitos da música na educação, Granja (2010) explica que para o filósofo Platão, o caráter e a alma das pessoas sofriam grande influência daquela e, assim como os valores éticos, os valores estéticos também eram transmitidos de forma direta pela disciplina musical. Assim, o caráter específico do indivíduo estava associado a um determinado modo musical, o que para os gregos era chamada doutrina do éthos musical.

Então, dentro do contexto educacional em nossos dias, porque escolher a música como suporte pedagógico para alunos do ensino regular? Ou melhor, de que forma a música poderá auxiliar dentro da escola? Quais os benefícios desta no contexto pessoal do educando e para a melhoria no aprendizado do mesmo?
Para a pianista e pedagoga musical Violeta Hemsy de Gainza, em Estudos de Psicopedagogia Musical (1988), -  “A música e o som, enquanto energia, estimulam o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no à ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferente qualidade e grau.” Pensando assim, estimular a criança ou o adolescente através da música e do som proveniente desta, será uma forma de movimentar o aluno internamente em seu desejo vital para o novo, tirando-o do estado de inércia do pensar, conduzindo-o à novos horizontes através da percepção auditiva, provocada pela ação e o despertar que esta produz!

Em outro momento, o autor Granja, no livro “Musicalizando a Escola” (2010), complementa que -  “A percepção é uma dimensão fundamental do conhecimento humano”, - e continua: - “ Na música, a percepção ocupa um lugar central, seja na perspectiva do ouvinte receptor (e aqui podemos inserir o alunado do ensino fundamental - grifo meu), seja na do músico intérprete e/ou compositor.” 

Aqui, é importante lembrar que no processo cognitivo dos alunos, a escola regular do ensino fundamental muitas vezes ignora a percepção no momento da aprendizagem daqueles, em prol da simples transmissão de conteúdos, não preocupando-se assim em saber se ouve assimilação e entendimento destes. Sobre isto, o autor Granja (2010) afirma: - “É preciso destacar que a escola freqüentemente subestima o papel do corpo e da percepção nos processos cognitivos em função da supervalorização da dimensão conceitual.”         

Para a atual escola, que tem como principal objetivo se desvencilhar dos padrões tradicionais de ensino, buscando novos conceitos de aprendizagem através de metodologias inovadoras que prezem por interatividade e mais participação em atividades nas aulas, valorizar o sentir, a sensibilidade, a expressão através das sensações corporais e a percepção, é uma das formas de inovar as instituições de ensino, num contexto mais humanizado, abandonando a rigidez na simples transmissão de conceitos. Assim, Granja (2010), em Musicalizando a Escola, afirma que -  “No caso da música, a teoria semiótica mostra que a percepção é o meio mais eficaz de aproximar o sensitivo do cognitivo”, -  acreditando, desta forma que a música pode contribuir para reequilibrar as dinâmicas de aprendizagem na escola, aproximando, de um lado, o tácito do explícito, e de outro, o perceptivo do cognitivo.

A afetividade pela música e a curiosidade da criança por novos sons é algo que naturalmente acontece ao se oferecer tais elementos à mesma, de forma que o interesse pelo novo propicia uma gama de possibilidades de interação, criatividade e socialização. Socializar através do som é uma forma de tirar o aluno do isolamento, possibilitando-o fazer novas amizades, sentindo-se assim inserido no contexto escolar e, portanto, mais seguro e aberto para o aprendizado. Para a pedagoga musical Gainza (1988), na criança, “Energia física e afetividade estão intimamente entrelaçadas nela; gosta de explorar o mundo sonoro e manipula os sons espontaneamente.” Então, na escola, ofertar desde cedo para os alunos instrumentos musicais dos mais variados, com os seus mais diferentes tipos de sonoridade, é uma maneira de se colocar a eles um mundo novo, canalizando as suas energias e afetividade para novas descobertas.

Da mesma forma, o afeto e a mente do adolescente são depositados na música, seja ele um emissor ou receptor - Gainza (1988). Porém, a expressão deste através do som é algo mais forte do que o tato com os instrumentos e, a escuta sonora se torna mais presente neste momento. Para a pedagoga, o adolescente precisa expressar-se a qualquer custo. - "Está ansioso por buscar e encontrar os sons que correspondem dentro e fora de si, porque gostaria de dizer sua própria música.” Muitas vezes, a comunicação é algo de extrema dificuldade para o adolescente na fase escolar, não sabendo no dia a dia como expressar suas emoções e sentimentos para o professor, e assim, o comunicar represado em seu interior se manifesta em outros momentos de forma indesejada. Então, a expressão através do contato com a música poderá ser benéfica, no momento o qual o aluno ao encontrar uma forma de canalizar suas emoções, passa a comunicá-las através do som.    

Motivar e impulsionar os alunos para aprenderem mais e melhor nas aulas, diminuindo assim o déficit de aprendizagem no ensino fundamental, é um dos maiores desafios para o professorado em nossos dias. A música, como uma mola propulsora, um instrumento pedagógico a ser utilizado pelo professor, pode ser uma ponte de afeto importante para o aprendizado. Utilizá-la de forma inteligente em sala de aula, poderá ser um recurso para o docente motivar os alunos no processo de aprendizagem. Em Estudos de Psicopedagogia Musical, Gainza afirma: - “para Piaget, o afeto é o principal impulso motivador dos processos de desenvolvimento mental da criança.” - E complementa: ... “afetividade e inteligência são indissolúveis e constituem os dois aspectos complementares de toda conduta humana.”    


Com a nova Lei nº 11.769 de 2008, que determina a música como conteúdo curricular nas escolas, caberá ao professor, no momento em que este se posiciona como um agente criativo, transformador, curioso e entusiasta, escolher utilizar ou não esse recurso como um instrumento pedagógico no auxílio e na melhoria da aprendizagem dos alunos.

A importância de se superar os desafios em relação à melhoria da qualidade do aprendizado de alunos no ensino fundamental é hoje uma realidade, ao passo que a escolha de instrumentos pedagógicos, por parte do professor, que venham a corroborar com tal feito, será imprescindível para a pedagogia atual, com olhares vitais dentro do processo de ensino e aprendizado em nossas escolas. 

A partir deste momento, o pensar e, um olhar sobre a música pedagogicamente, será mais que apenas uma necessidade. Para Gainza (1988) - “O espírito pedagógico é vital. Caminha para frente com energia, mas também com fogo. Não é uma linha reta e lisa, senão uma linha vibrante.”
     
Escrito por Marcello Tibiriçá.