sábado, 25 de janeiro de 2014

São Paulo 460...

São Paulo 460... 

São Paulo que abriga culturas sem fronteiras, 

São Paulo para todos os povos e nações,  
São Paulo das baladas, da viola enluarada,
São Paulo das multidões, dos encontros e desencontros, 
Das noites iluminadas, nubladas ou estreladas,   
Das buzinas incessantes, corredores desconcertantes, 
Do ator e do artista, do amor ou da malícia, 
Do sagrado e do profano, dos arcanjos e letristas, 
Do poeta e do cantor, dos músicos que compõem, 
São Paulo da varanda, das praças e crianças, 
Dos jovens e moleques, do idoso e experiência, 
São Paulo da Paulista, da Luz e da Ametista, 
São Paulo sem fronteiras, de sóbrios e bebedeiras,
São Paulo do trabalho, futebol e brincadeiras,
São Paulo do leitor, da cultura e poesia,
São Paulo do calor, muita chuva ou do vapor,
São Paulo do passeio, da calçada e do arvoredo,
Que é periferia, que é do bairro ou que é do centro,
Do mestiço, mameluco, africanos, oficinas, 
Vidraças, porcelanas, do barroco, do europeu,
São Paulo que é do Samba, da canção e do Judeu,
São Paulo que é raiz, que é cidade ou do campo,
São Paulo que é rural, cancioneiro ruralista,
São Paulo que é poema, Trovador e do Artista,
São Paulo que é do índio, que é som, que é amor,
São Paulo carioca, do baiano e do nortista,
São Paulo do alemão, do japonês e espanhol,
Do chinês, do italiano, indiano e português,
São Paulo que é urbano, que é pedra, que é frentista,
São Paulo que destrói, que constrói, que fabrica,
São Paulo do operário, mundial, cosmopolita, 
São Paulo trabalhador, que é de Deus o seu autor,
São Paulo que é São Paulo, que amanhece, que irradia, 
São Paulo é a minha São Paulo, a sua São Paulo, a nossa São Paulo, 
São Paulo 400, São Paulo 60, 
São Paulo 460, Parabéns pra você, São Paulo!!!!!!!!   

                         (25-01-2014)

                                                                       
                                                                         
Escrito por Marcello Tibiriçá.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Música na escola: Um olhar pedagógico!!!

Música na escola: Um olhar pedagógico!!!
(Música, instrumento pedagógico e aprendizado). 

No atual cenário da Educação, um dos principais e crescentes problemas evidenciados nas salas de aula do ensino fundamental é a queda do rendimento da aprendizagem de alunos, configurando-se este um quadro preocupante e um grande desafio a ser superado pelo professorado em nossos dias. 

A criança e o adolescente, muitas vezes por fatores como: vergonha de possuir um déficit de aprendizagem; possuir alguma deficiência; sofrer violência; estresse na sociedade e na família a qual a mesma está inserida; estresse escolar muitas vezes provocado pela discriminação; e, finalmente, por fatores sociais, terminam por se isolar, não se socializando com os demais colegas de classe.  Esses são alguns dos fatores que contribuem para a queda no aprendizado e no rendimento escolar como um todo.
A melhoria no aprendizado dos alunos está associada em grande parte a instrumentos pedagógicos que o (a) professor (a) utiliza no processo de ensino, com o objetivo de estimular e despertar os discentes para o mesmo. Mas, para o professor do Ensino Fundamental, nem sempre se torna fácil a escolha do recurso pedagógico a ser utilizado no processo de ensino e aprendizado dos alunos.

A música, como forma de instrumento pedagógico no auxílio e na melhoria do aprendizado dos alunos, ainda é pouco utilizada em salas de aula pelo professorado, que, em muitos momentos, prefere lançar mão de recursos mais tradicionais, não ampliando desta forma dentro do processo educacional possibilidades para um ensino mais prazeroso e lúdico.

Em momentos distintos da história da humanidade, a música vem cumprindo suas diversas funções, tendo sido utilizada na dança, na poesia, nos ritos religiosos, em comemorações festivas, como forma de expressão artística ou mesmo na educação, para citar apenas alguns exemplos.

Se na antiguidade grega, o filósofo e matemático Pitágoras, por sua vez, na busca pelo belo e pela perfeição, tratou a música como uma ciência, através das suas relações numéricas e harmônicas, em Musicalizando a Escola (2010), o autor Carlos Eduardo de Souza Campos Granja nos mostra que os filósofos gregos Sócrates e Platão abordaram a mesma dentro de um contexto educacional.

Assim como o Estado, a política e a filosofia, para Platão, a educação era colocada de forma imprescindível em suas discussões, com grande importância na formação das pessoas. Dentro deste contexto, Platão considerava que a educação e a formação do cidadão grego se passavam também pela música e pela ginástica. A ginástica preparava o homem para as batalhas, e a música para tornar o seu espírito menos embrutecido. Essa combinação perfeita entre corpo e alma, para Platão, constituía a base da cultura grega. 

No que tange aos efeitos da música na educação, Granja (2010) explica que para o filósofo Platão, o caráter e a alma das pessoas sofriam grande influência daquela e, assim como os valores éticos, os valores estéticos também eram transmitidos de forma direta pela disciplina musical. Assim, o caráter específico do indivíduo estava associado a um determinado modo musical, o que para os gregos era chamada doutrina do éthos musical.

Então, dentro do contexto educacional em nossos dias, porque escolher a música como suporte pedagógico para alunos do ensino regular? Ou melhor, de que forma a música poderá auxiliar dentro da escola? Quais os benefícios desta no contexto pessoal do educando e para a melhoria no aprendizado do mesmo?
Para a pianista e pedagoga musical Violeta Hemsy de Gainza, em Estudos de Psicopedagogia Musical (1988), -  “A música e o som, enquanto energia, estimulam o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no à ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferente qualidade e grau.” Pensando assim, estimular a criança ou o adolescente através da música e do som proveniente desta, será uma forma de movimentar o aluno internamente em seu desejo vital para o novo, tirando-o do estado de inércia do pensar, conduzindo-o à novos horizontes através da percepção auditiva, provocada pela ação e o despertar que esta produz!

Em outro momento, o autor Granja, no livro “Musicalizando a Escola” (2010), complementa que -  “A percepção é uma dimensão fundamental do conhecimento humano”, - e continua: - “ Na música, a percepção ocupa um lugar central, seja na perspectiva do ouvinte receptor (e aqui podemos inserir o alunado do ensino fundamental - grifo meu), seja na do músico intérprete e/ou compositor.” 

Aqui, é importante lembrar que no processo cognitivo dos alunos, a escola regular do ensino fundamental muitas vezes ignora a percepção no momento da aprendizagem daqueles, em prol da simples transmissão de conteúdos, não preocupando-se assim em saber se ouve assimilação e entendimento destes. Sobre isto, o autor Granja (2010) afirma: - “É preciso destacar que a escola freqüentemente subestima o papel do corpo e da percepção nos processos cognitivos em função da supervalorização da dimensão conceitual.”         

Para a atual escola, que tem como principal objetivo se desvencilhar dos padrões tradicionais de ensino, buscando novos conceitos de aprendizagem através de metodologias inovadoras que prezem por interatividade e mais participação em atividades nas aulas, valorizar o sentir, a sensibilidade, a expressão através das sensações corporais e a percepção, é uma das formas de inovar as instituições de ensino, num contexto mais humanizado, abandonando a rigidez na simples transmissão de conceitos. Assim, Granja (2010), em Musicalizando a Escola, afirma que -  “No caso da música, a teoria semiótica mostra que a percepção é o meio mais eficaz de aproximar o sensitivo do cognitivo”, -  acreditando, desta forma que a música pode contribuir para reequilibrar as dinâmicas de aprendizagem na escola, aproximando, de um lado, o tácito do explícito, e de outro, o perceptivo do cognitivo.

A afetividade pela música e a curiosidade da criança por novos sons é algo que naturalmente acontece ao se oferecer tais elementos à mesma, de forma que o interesse pelo novo propicia uma gama de possibilidades de interação, criatividade e socialização. Socializar através do som é uma forma de tirar o aluno do isolamento, possibilitando-o fazer novas amizades, sentindo-se assim inserido no contexto escolar e, portanto, mais seguro e aberto para o aprendizado. Para a pedagoga musical Gainza (1988), na criança, “Energia física e afetividade estão intimamente entrelaçadas nela; gosta de explorar o mundo sonoro e manipula os sons espontaneamente.” Então, na escola, ofertar desde cedo para os alunos instrumentos musicais dos mais variados, com os seus mais diferentes tipos de sonoridade, é uma maneira de se colocar a eles um mundo novo, canalizando as suas energias e afetividade para novas descobertas.

Da mesma forma, o afeto e a mente do adolescente são depositados na música, seja ele um emissor ou receptor - Gainza (1988). Porém, a expressão deste através do som é algo mais forte do que o tato com os instrumentos e, a escuta sonora se torna mais presente neste momento. Para a pedagoga, o adolescente precisa expressar-se a qualquer custo. - "Está ansioso por buscar e encontrar os sons que correspondem dentro e fora de si, porque gostaria de dizer sua própria música.” Muitas vezes, a comunicação é algo de extrema dificuldade para o adolescente na fase escolar, não sabendo no dia a dia como expressar suas emoções e sentimentos para o professor, e assim, o comunicar represado em seu interior se manifesta em outros momentos de forma indesejada. Então, a expressão através do contato com a música poderá ser benéfica, no momento o qual o aluno ao encontrar uma forma de canalizar suas emoções, passa a comunicá-las através do som.    

Motivar e impulsionar os alunos para aprenderem mais e melhor nas aulas, diminuindo assim o déficit de aprendizagem no ensino fundamental, é um dos maiores desafios para o professorado em nossos dias. A música, como uma mola propulsora, um instrumento pedagógico a ser utilizado pelo professor, pode ser uma ponte de afeto importante para o aprendizado. Utilizá-la de forma inteligente em sala de aula, poderá ser um recurso para o docente motivar os alunos no processo de aprendizagem. Em Estudos de Psicopedagogia Musical, Gainza afirma: - “para Piaget, o afeto é o principal impulso motivador dos processos de desenvolvimento mental da criança.” - E complementa: ... “afetividade e inteligência são indissolúveis e constituem os dois aspectos complementares de toda conduta humana.”    


Com a nova Lei nº 11.769 de 2008, que determina a música como conteúdo curricular nas escolas, caberá ao professor, no momento em que este se posiciona como um agente criativo, transformador, curioso e entusiasta, escolher utilizar ou não esse recurso como um instrumento pedagógico no auxílio e na melhoria da aprendizagem dos alunos.

A importância de se superar os desafios em relação à melhoria da qualidade do aprendizado de alunos no ensino fundamental é hoje uma realidade, ao passo que a escolha de instrumentos pedagógicos, por parte do professor, que venham a corroborar com tal feito, será imprescindível para a pedagogia atual, com olhares vitais dentro do processo de ensino e aprendizado em nossas escolas. 

A partir deste momento, o pensar e, um olhar sobre a música pedagogicamente, será mais que apenas uma necessidade. Para Gainza (1988) - “O espírito pedagógico é vital. Caminha para frente com energia, mas também com fogo. Não é uma linha reta e lisa, senão uma linha vibrante.”
     
Escrito por Marcello Tibiriçá.