Um ciclo a mais...
Mais um ciclo se completa, após 4 anos de graduação!
É um momento de reflexão, de
pesar na balança todo um período de aprendizado, de descobertas e
questionamentos. Não é somente um período de conclusão, mas de abertura, para
que novos desafios e novos aprendizados se apresentem como novas oportunidades
para a aquisição de tantos outros conhecimentos!
Continuo com o entendimento,
antes, durante e após a graduação, que a educação está, ainda, muito além de
conceitos teóricos e de reflexões prontas. Não estou descartando aqui, com este
pensamento, toda a produção cultural, historicamente construída em séculos,
seja filosoficamente, na sociologia ou mesmo no desenvolvimento da educação
através da sua história.
Em sua histórica trajetória, tivemos
uma educação deturpada, atendendo os principais anseios políticos de sua época,
não disposta a mudanças e não aberta a transformações e ao diálogo, preferindo,
na maioria das vezes, um pensamento estático, ao abraçar conceitos meramente
tradicionais.
Atualmente, mesmo com o discurso
“inovador”, de “reflexão”, de “democracia”, de “igualdade”, e mesmo com a
tentativa de se desvencilhar de uma educação tradicional, a prática de nossas
instituições se mostra totalmente contrária ao ilusório discurso político, que, por
sua vez, exalta a necessidade de “mudanças”, do “diálogo” com a sociedade e de
uma “pedagogia mais reflexiva” para a construção de uma “nova concepção educacional”.
As nossas instituições de
ensino regular e, por consequência, a nossa atual educação são frutos de um
pensamento político que se entranhou no desenvolvimento da prática educacional
através de anos a fio, e que nada se aproximou dos anseios e necessidades das
sociedades! Para a contribuição deste atual cenário, o investimento do
aparelhamento educacional nas escolas, em termos de material humano, do
material pedagógico e de metodologias que atendam o público necessitado de
crescimento intelectual, espiritual e cientifico, nunca foi uma prioridade para
os governantes que, em tese, deveriam ser os atores responsáveis por um investimento real em uma educação de qualidade e
transformadora para o nosso país!
Nossa atual educação é
dualista, excludente, assim como era e tem sido através dos séculos. De um
lado, uma educação privada, frequentada por uma pequena parcela da população abastada economicamente e, também, por uma outra parcela com alguma condição, muitas vezes, as duras penas, de patrocinar o próprio desenvolvimento
educacional e de seus filhos. Do outro lado, uma educação pública depauperada,
abandonada e moldada de acordo com os interesses de uma política não
comprometida com o crescimento e com o desenvolvimento da sua sociedade,
em sua maioria, as margens de um sistema político viciado em suas práticas
“cordiais” - (evocando aqui Sérgio B. de Holanda) – sistema este responsável
pelo esvanecimento dos setores públicos estratégicos para o nosso sistema
educacional.
Queiramos ou não, quando
escolhemos estes atores de forma inconsciente e despreocupada, acabamos todos
como espectadores desta realidade, que em nada contribui para o
desenvolvimento intelectual do nosso país!
Bom, ao decidir relatar os 4
anos da minha graduação, pensava, naturalmente, contar sobre os meus
encontros e desencontros, minhas alegrias e angustias durante esta trajetória.
Mas, quando me dei conta, eu já estava falando sobre educação! Claro, para quem
vive o dia a dia do ensino, após finalizar uma graduação, é praticamente
impossível não realizar um balanço sobre a educação em nosso país, mesmo que
brevemente.
Não, não é um momento para
festa, mas para uma profunda reflexão sobre todo o aprendizado, e, de que forma
podemos contribuir para uma real mudança, uma reformulação de fato em nossa
educação, que possa romper verdadeiramente com este pensamento político
estático, enraizado durante anos, que contribui diretamente para a inércia do
desenvolvimento educacional como um todo em nossa sociedade!
Não, neste final não citarei
algum pensador sobre a educação. Muito menos Piaget ou Rousseau, muito menos
Aristóteles ou Durkheim, muito menos Dewey ou Morin, muito menos Freire ou
Foucault. Apenas o silêncio, o dos inocentes. Mas, quais?
Por favor, uma pausa. Uma
música para a transposição. O momento é dissonante, mas não de entrega!
Escrito por Marcello Tibiriçá.