quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Arte e Artista: entre linhas e entre "Artes"!!!



Não é novidade que a criação humana há muito tempo, em diversos setores do conhecimento se "perpetua" de forma rápida através dos meios de comunicação de massa, seja com a TV, o rádio, o jornal e, principalmente hoje pela internet! Como a palavra "criar" está direta ou indiretamente ligada à palavra "Arte", decidi escrever o texto Arte e Artista: entre linhas e entre "Artes", procurando explorar as várias possibilidades que o tema sugere, sem limitá-lo em definições. Espero, de forma despretensiosa, com as idéias levantadas aqui contribuir com os amigos que de alguma forma buscam na Arte um sentido. Se não o verdadeiro, pois, já escrito pelo escritor Jonathan Sfran Foer: “nada é bonito e verdadeiro” (em Extremamente alto & Incrivelmente perto), mas, ao menos, um sentido vivenciado pelas sensações e emoções que o criador ao comunicar passa ao espectador, transformando-o após o contato com a sua criação, possibilitando-o assim um olhar diferenciado das coisas e da vida em nosso dia-a-dia, e que nunca mais será o mesmo!!!  Então, vamos lá? Boa leitura!!!     

Arte e Artista: entre linhas e entre "Artes"!!!

É possível conceituar "Arte"? Se pensarmos em conceito como uma forma genérica de enunciação de entidades ou seres, a resposta é sim! Diferentemente da definição, que intrinsecamente restringe o entendimento do enunciado de entidades ou seres de forma delimitada, podemos sim, de maneira ampla explorar conceitos sobre "Arte", ampliando assim um leque de possibilidades e discussões em torno da mesma.

Convivemos com a "Arte" desde os primórdios da civilização, quando o homem ainda primitivo deixava seus desenhos e sinais nas paredes das cavernas, até hoje, onde desenhos que só podem ser vistos através de lentes e lupas especiais foram feitos em micro-chips por programadores, de maneira pensada, ponto por ponto, para que a lógica dos programas de computadores não fosse alterada na tentativa da construção dos desenhos!

O Artista, ao dominar as possibilidades expressivas das formas materiais da Arte, como a da pintura, da escultura, do desenho ou da dança, por exemplo, passa a comunicar uma gama de sentimentos, sensações e emoções, transformando assim o cenário anterior do espectador que jamais será o mesmo, após vivenciar a obra comunicada de forma artística, através da interpretação e da expressão. Similarmente, podemos compreender que o mesmo cenário se perpetua através das formas imateriais como a música, quando essa, comunica ao ouvinte todas as suas informações sonoras de uma composição, recriada através do dinamismo que o Artista - interprete emprega ao expressá-la dinamicamente.  

Ao desejar comunicar com “perfeição” seus sentimentos, sensações e expressões (aqui, perfeição entre aspas, pois, existiria perfeição no mundo real?), o Artista, enquanto detentor das técnicas de criação (“construção”) da “Arte”, e da expressão das formas materiais ou imateriais, revelaria suas “verdades interiores”, libertando assim o criador e criatura numa mesma simbiose de sentimentos aflorados e despertados no processo criativo? Levaria então o criador, o seu espectador ao encontro da luz, diante da “verdade oculta” dos mistérios não desvendados pelos caminhos da criação artística?  Seria o Artista o arquétipo do Filósofo, que ao sair “das sombras da Caverna para a Luz” (Platão em A República – Livro VII), mostraria ao mundo a procura por sua maior inspiração transmutada em forma de “Arte”? Revelaria assim ao espectador, o que foi contemplado no mundo luminoso das “idéias mais reais que a realidade”? Seria então a obra de “Arte” sua revelação verdadeira, ou, apenas libertada do seu “esforço criativo” e do seu mundo imaginário revelado pela inspiração?  


Da mesma forma que exploramos e debatemos genericamente conceitos sobre a Arte, a beleza, por ser essa muitas vezes associada a aquela através do olhar humano, não é passível de definição, pois, o entendimento sobre determinada criação se dá de maneiras infinitamente diferenciadas, através das múltiplas sensações, sentimentos e interpretações que cada espectador expressa particularmente, não se classificando assim como regra. Para o matemático Pitágoras, como exemplo, o belo estava associado aos números e à perfeita proporção destes. Já para o filósofo Kant, não podemos conceituar a beleza, sendo esta inexplicável, desvendando-a assim através do que estava ocultado pelo “número”. Então, seria realmente a beleza um mistério? Ou, ao compreender a obra artística revelada e expressada pelo seu autor, com todos as suas sensações e sentimentos, a beleza até então não desvelada ao espectador viria definitivamente a ser desvendada como forma apreciativa? Ou, ainda, simplesmente o olhar, o compreender e o desvendar estão à parte do que viria a ser a beleza? Mas, o que seria a beleza?          

Se ao desvelar o mistério da sua Arte, o Artista, que ao comunicar o segredo intrinsecamente ocultado desta, proporciona ao espectador possibilidades infindáveis de contemplação, de entendimento e de interpretações, então, um horizonte infinito de sentimentos e sensações poderão ser despertados no apreciador, no momento o qual esse escolhe receber todas as informações expressadas pelo criador.

A música, como já citado aqui no texto, enquanto uma forma imaterial da Arte, comunica todas as suas informações através do som. Enquanto outras formas materiais da Arte “significam”, através da visualização, o objeto da sua comunicação, a música é por si só esse objeto! É o dinamismo da emoção com o intuito de despertar, observado pelo compositor Richard Wagner

Então, em nossos dias, com a proliferação quase que instantânea de tantas formas de “Arte” e com a mesma proliferação de tantos “Artistas” promovidos pelas mídias de massa, onde o imediatismo pelo lucro se coloca de forma muitas vezes acima da Arte, de tudo e de todos, viveria então, além das fronteiras de grupos e espectadores especializados, por exemplo, o compositor Jules Messenet, com sua sublime Meditação de Thaís, ou, o extraordinário compositor Johann Sebastian Bach, com seus maravilhosos e inebriantes Prelúdios e Fugas para Cravo bem Temperado? Sem querer fazer trocadilhos, mas, poderíamos temperar os dias atuais com Arte? Viveriam então, Bach e Messenet como Os Miseráveis de Victor Hugo? Viveria Monet ou Picasso? Viveria Manuel Bandeira ou Machado de Assis? Viveria Mozart, Beethoven, Debussy ou Villa-Lobos? E a Arte, viverá? E o Artista?

"Só a Arte permite a realização de tudo o que na realidade a vida recusa ao homem." (Johann Goethe).

Escrito por Marcello Tibiriçá.

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