Não é novidade
que a criação humana há muito tempo, em diversos setores do conhecimento se
"perpetua" de forma rápida através dos meios de comunicação de massa,
seja com a TV, o rádio, o jornal e, principalmente hoje pela internet! Como a
palavra "criar"
está direta ou indiretamente ligada à palavra "Arte", decidi
escrever o texto Arte e Artista: entre linhas e entre "Artes", procurando
explorar as várias possibilidades que o tema sugere, sem limitá-lo em
definições. Espero, de forma despretensiosa, com as idéias levantadas aqui
contribuir com os amigos que de alguma forma buscam na Arte um sentido. Se não
o verdadeiro, pois, já escrito pelo escritor Jonathan Sfran Foer: “nada é bonito e verdadeiro” (em Extremamente
alto & Incrivelmente perto), mas, ao menos, um sentido vivenciado pelas
sensações e emoções que o criador ao comunicar passa ao espectador,
transformando-o após o contato com a sua criação, possibilitando-o assim um
olhar diferenciado das coisas e da vida em nosso dia-a-dia, e que nunca mais
será o mesmo!!! Então, vamos lá? Boa
leitura!!!
Arte e Artista: entre linhas e entre "Artes"!!!
É possível
conceituar "Arte"? Se
pensarmos em conceito como
uma forma genérica de enunciação de entidades ou seres, a resposta é sim!
Diferentemente da definição, que intrinsecamente restringe o entendimento do
enunciado de entidades ou seres de forma delimitada, podemos sim, de maneira
ampla explorar conceitos sobre "Arte",
ampliando assim um leque de possibilidades e discussões em torno da mesma.
Convivemos com
a "Arte"
desde os primórdios da civilização, quando o homem ainda primitivo deixava seus
desenhos e sinais nas paredes das cavernas, até hoje, onde desenhos que só
podem ser vistos através de lentes e lupas especiais foram feitos em
micro-chips por programadores, de maneira pensada, ponto por ponto, para que a
lógica dos programas de computadores não fosse alterada na tentativa da
construção dos desenhos!
O Artista, ao dominar as possibilidades
expressivas das formas materiais da Arte, como a da pintura, da escultura,
do desenho ou da dança, por exemplo, passa a comunicar uma gama de sentimentos,
sensações e emoções, transformando assim o cenário anterior do espectador que
jamais será o mesmo, após vivenciar a obra comunicada de forma artística, através
da interpretação e da expressão. Similarmente, podemos compreender que o mesmo
cenário se perpetua através das formas imateriais como a música, quando essa,
comunica ao ouvinte todas as suas informações sonoras de uma composição,
recriada através do dinamismo que o Artista
- interprete emprega ao expressá-la
dinamicamente.
Ao desejar comunicar com
“perfeição” seus sentimentos, sensações e expressões (aqui, perfeição entre
aspas, pois, existiria perfeição no mundo real?), o Artista, enquanto detentor das técnicas de
criação (“construção”) da “Arte”, e
da expressão das formas materiais ou imateriais, revelaria suas “verdades
interiores”, libertando assim o criador e criatura numa mesma simbiose de
sentimentos aflorados e despertados no processo criativo? Levaria então o
criador, o seu espectador ao encontro da luz, diante da “verdade oculta” dos
mistérios não desvendados pelos caminhos da criação artística? Seria o Artista
o arquétipo do Filósofo, que ao sair “das sombras da Caverna para a Luz”
(Platão em A República – Livro VII), mostraria ao mundo a procura por sua
maior inspiração transmutada em forma de “Arte”?
Revelaria assim ao espectador, o que foi contemplado no mundo luminoso das “idéias mais reais que a realidade”?
Seria então a obra de “Arte” sua
revelação verdadeira, ou, apenas libertada do seu “esforço criativo” e do seu mundo
imaginário revelado pela inspiração?
Da mesma forma
que exploramos e debatemos genericamente conceitos sobre a Arte, a beleza, por ser essa
muitas vezes associada a aquela através do olhar humano, não é passível de
definição, pois, o entendimento sobre determinada criação se dá de maneiras
infinitamente diferenciadas, através das múltiplas sensações, sentimentos e
interpretações que cada espectador expressa particularmente, não se
classificando assim como regra. Para o matemático Pitágoras, como exemplo, o belo estava associado aos números e à perfeita
proporção destes. Já para o filósofo Kant, não podemos conceituar a beleza, sendo esta inexplicável, desvendando-a
assim através do que estava ocultado pelo “número”. Então, seria realmente a
beleza um mistério? Ou, ao compreender a obra artística revelada e expressada pelo
seu autor, com todos as suas sensações e sentimentos, a beleza até então não
desvelada ao espectador viria definitivamente a ser desvendada como forma
apreciativa? Ou, ainda, simplesmente o olhar, o compreender e o desvendar estão
à parte do que viria a ser a beleza? Mas, o que seria a beleza?
Se ao desvelar
o mistério da sua Arte, o Artista, que ao comunicar o segredo
intrinsecamente ocultado desta, proporciona ao espectador possibilidades infindáveis de contemplação, de
entendimento e de interpretações, então, um horizonte infinito de sentimentos e
sensações poderão ser despertados no apreciador, no momento o qual esse escolhe
receber todas as informações expressadas pelo criador.
A música, como já citado aqui no texto, enquanto
uma forma imaterial da Arte, comunica todas as suas informações através do som.
Enquanto outras formas materiais da Arte “significam”, através da visualização,
o objeto da sua comunicação, a música
é por si só esse objeto! É o dinamismo da emoção com o intuito de
despertar, observado pelo compositor Richard
Wagner.
Então, em
nossos dias, com a proliferação quase que instantânea de tantas formas de “Arte” e com a mesma proliferação de
tantos “Artistas” promovidos pelas
mídias de massa, onde o imediatismo pelo lucro se coloca de forma muitas vezes
acima da Arte, de tudo e de todos,
viveria então, além das fronteiras de grupos e espectadores especializados, por
exemplo, o compositor Jules Messenet,
com sua sublime Meditação de Thaís,
ou, o extraordinário compositor Johann
Sebastian Bach, com seus maravilhosos e inebriantes Prelúdios e Fugas para Cravo bem Temperado? Sem querer fazer
trocadilhos, mas, poderíamos temperar os dias atuais com Arte? Viveriam então, Bach e Messenet como Os
Miseráveis de Victor Hugo?
Viveria Monet ou Picasso? Viveria Manuel Bandeira ou Machado
de Assis? Viveria Mozart, Beethoven, Debussy ou Villa-Lobos? E a Arte,
viverá? E o Artista?
"Só a Arte permite a realização de tudo o que na realidade a vida recusa ao homem." (Johann Goethe).
Escrito por Marcello Tibiriçá.
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