Olá amigos!!!
Neste texto gostaria de abordar especificamente sobre o Violão, num período o
qual ele foi muito prolífero, seja em seu discurso instrumental-musical, em
suas linhagens de ensino ou com os compositores que contribuíram para a
evolução do mesmo. O aluno, ao começar o estudo de Violão Clássico, passará a
desenvolver sua técnica a partir de um repertório construído nesta época,
possibilitando-o posteriormente caminhar por outras linguagens e momentos em
sua evolução musical. Por isso, acredito ser útil situarmo-nos um pouco sobre o
assunto. Isso ajudará o aluno iniciante entender qual o caminho a seguir para
expressar-se com o violão, numa época onde o discurso estético musical do
instrumento, teve como desenvolvimento um período historicamente rico, com seus
personagens, suas obras e formas musicais. Então, vamos lá!!!
O Violão herdeiro da estética musical clássica do século XVIII.
(Classicismo, Violão, Iluminismo e Música).
Em
literatura, de acordo com o nosso Aurélio,
a palavra clássico marca a cultura dos
antigos povos gregos e romanos e, “que
segue, em matéria de artes, letras, cultura, o padrão deles”. Também, pode-se
dizer que um escritor exemplar por sua grande obra, tenha tornado-se um marco
na literatura, ou, um clássico, tanto ele quanto ela!
Da
mesma forma na música, um compositor, seja ele erudito ou popular,
que se perpetua através do tempo pela magnitude da sua obra, passa a se
designar um clássico, podendo ele
pertencer a um determinado período da História da Música.
A Música Clássica do século XVIII, que se
desenvolveu aproximadamente entre 1750 e 1810 (para alguns historiadores até
1830), teve como seus maiores representantes os compositores da chamada “Primeira Escola de Viena”: Haydn, Mozart e Beethoven, este
último na sua primeira fase. Eles produziram um grande repertório, seja em
quantidade quanto na qualidade, deixando Músicas para Grande Orquestra, pequenas formações instrumentais (Música de Câmara), ou instrumento solista. É o momento o qual
se estabelecem a Ópera, a Sonata, a Sinfonia e o Concerto
como as principais formas musicais do período.
O período clássico do século XVIII produziu tanto no âmbito
estético musical, quanto nas artes em geral, um importante acervo cultural,
tendo como ponto de partida o Iluminismo
de filósofos como Locke, Hume, Montesquieu, Voltaire e Rosseau. Neste período ocorreu uma
mudança de pensamento voltado para o real e o racional, em lugar do que até
então era tido como sobrenatural. É a época da Psicologia, da Sociologia,
da Educação e da Ciência empírica. Com a ascensão da
burguesia, a população passou a participar de maneira mais ativa e presente nas
Artes e na vida econômica da Europa. Num processo de humanização, o homem através das “Luzes” (Iluminismo), segue em busca de um “sentimento mais natural”,
e um “conhecimento mais verdadeiro”. Desta forma, a educação, a filosofia, as
artes, a ciência e o homem passaram a ser fontes de investigação empírica.
Ao
pensarmos em Música Clássica do Século
XVIII, é comum associarmos a esta adjetivos como estilo galante ou palaciano,
música amável, de estilo cortês, ou ainda, música para divertimento ou entretenimento, música
mais leve, mais clara e menos complicada do que a rebuscada Música Barroca. Ainda,
se fizermos uma comparação com a Arquitetura Clássica dos Gregos e dos Romanos,
podemos dizer que existe graça e beleza nas linhas melódicas, e proporção e equilíbrio nas suas formas e em sua linguagem.
Fernando Sor |
Para o Violão, o século XVIII é visto como “a
época de ouro”, devido a grande produção
musical para o instrumento, seja através das diferentes escolas e estilos de professores, ou ainda, na formação de
um vasto repertório, propiciando
assim o surgimento de concertistas.
Nessa época, o violão ainda não possuía as dimensões que conhecemos hoje, que foi
desenvolvido a partir das técnicas de construção do Luthier e autor Antonio de
Torres (século XIX). Comparado à época de Torres aos nossos dias, o violão no
século XVIII era muito modesto em sua construção, pequeno em suas dimensões,
com um som mais acanhado e muito “metálico”. O mesmo era tocado em palácios, nas cortes,
em catedrais e em lugares onde o
artista pudesse expressar sua sensibilidade.
Dentre
as escolas violonísticas que
contribuíram para a didática do
instrumento naquele momento, deixando assim uma pedagogia importante para os séculos seguintes, se destacam os
Espanhóis e os Italianos. Os Compositores Espanhóis mais importantes desse
período são Fernando Sor e Dionisio Aguado. Entre os Italianos se
destacam Ferdinando Carulli, Matteu Carcassi e Mauro Giuliani.
A linguagem musical do violão nesse momento foi diretamente
influenciada pelo discurso musical dos grandes compositores dessa época, porém,
com um discurso orquestral adequado ao instrumento. Fernando Sor buscou inspiração na Primeira Escola de Viena, muitas vezes aflorando um estilo
Mozartiano na composição de suas obras. Mauro
Giuliani, ao regressar para a Itália após um período longo de viagem,
montou um trio camerístico com Rossini e Paganinni, absorvendo assim muito do estilo musical destes dois
grandes compositores Italianos.
Para o estudante de violão, foi deixado um material de estudo considerável como métodos, estudos, peças musicais,
sonatas para violão, temas com variações, concertos, formações com outros instrumentos em duos, trios, quartetos e
um grande número de obras didáticas.
Boa parte deste repertório se torna
indispensável, seja para o violonista amador, seja ele um futuro profissional,
possibilitando assim seu desenvolvimento musical e técnico no instrumento.
Contudo, vale ressaltar que uma boa alfabetização musical para quem escolhe o
violão como instrumento, necessariamente contará com esse material, somando-se
assim ao seu conhecimento esta parte da História
da Música Ocidental.
Então é
isso! Espero ter contribuído um pouco para os alunos iniciantes e os
apreciadores do violão, mostrando esse momento tão rico do desenvolvimento
histórico e musical desse instrumento. Um abraço e até a próxima!
Escrito por Marcello Tibiriçá.
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